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#03 Os Componentes da Bomba Relógio da Educação Corporativa


Você é teimoso(a), hein? Se realmente quer saber de números continue lendo. Caso contrário, siga direto par ao próximo post.


I. PANORAMA DO TREINAMENTO NO BRASIL

Segundo a pesquisa Panorama do treinamento no Brasil (ABTD, Integração Escola de Negócio, Carvalho e Mello, Revista T&D, 2019 ) destacamos:


a) Investimentos em T&D nas empresas brasileiras estão caindo pelo 3º ano consecutivo.

Por um lado, o que já era difícil pode ficar ainda mais um pouquinho. Não é novidade para empresas, consultorias e partes interessadas, a saga na aprovação de alguma verba para programas de educação corporativa. Por outro lado, temos visto empresas buscando soluções mais simples como a aquisição de equipamentos de filmagem de baixo custo, criação de formatos mais divertidos e conteúdo relevantes. Destacando que todo esse processo desenvolvido internamente.


b) Número de horas de treinamento caiu pelo 3º ano consecutivo.

Como consequência do item "a", quanto menor o investimento, menor será o número de horas treinadas. Isso implica em dois pontos de vista. Primeiro, treinamentos com duração mais curta obrigará uma seleção mais criteriosa de conteúdos. Segundo, o reflexo será menos tempo dos funcionários frente a programas irrelevantes ou redundantes.


c) Quantidade de pessoas no time de T&D diminuiu.

Os números da economia brasileira estão aí, mostrando que postos de trabalhos estão sendo consumidos na crise que enfrentamos. Este fenômeno não começou hoje e nem terminará amanhã, com isso alternativas dentro das empresas começam a ganhar fôlego. Uma tendência é o aproveitamento de conteúdo dos talentos internos para capacitar o próprio time da organização, afinal tem muita gente com o currículo recheado de cursos, MBAs, especializações, mestrados e até doutorados esperando uma oportunidade de aplicar seus conhecimentos. Agora, santo de casa tem que fazer milagre, sim!


Em outras palavras, quem melhor que o seu financeiro pra falar de finanças da sua empresa? Quem melhor que o marketing interno para ensinar ações de marketing que a sua empresa precisa fazer ... quem melhor que a liderança interna pra mostrar a estratégia traduzida para toda a empresa? Provavelmente, a área de RH ou DHO ou Educação Corporativa trarão as melhores ferramentas para formatar conteúdos e assuma a gestão disso tudo, no entanto, sem a colaboração e a integração das áreas, a educação na empresa sucumbirá por falta de recursos.


d) A Terceirização das Ações (consultorias/cursos externos) ainda representa 50% do investimento, mas caiu em 10% e aumentou em Despesas Internas (32% do investimento total em T&D). Aqui vemos o desdobramento dos dados citados, sugerindo que o próprio time interno assumiu o desenvolvendo das ações. Este é um dos efeitos do tal envenenamento da bomba relógio.


Encerrada a nossa abordagem sobre primeiro tópico PANORAMA DO TREINAMENTO NO BRASIL, seguimos para o segundo componente da bomba.


II. EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Complementar aos dados acima, no segundo artigo intitulado PISA 2018: Insights and Interpretations (SCHLEICHER, 2018), destacamos o péssimo resultado alcançado pela educação brasileira. Vejamos, a última edição do PISA, em 2018 (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), contou com a participação de 600 mil alunos de 15 anos, de 79 países, medindo seus conhecimentos em provas de leitura, matemática e ciências. Infelizmente, nossos jovens mostraram-se bem abaixo da média dos demais países participantes. Atualmente, com 15 anos, em pouco tempo estarão no mercado de trabalho trazendo todas as expectativas e deficiências de sua formação.


Onde erraram mais os nossos jovens? Matemática, ciências ou leitura? Um pouquinho de cada, principalmente porque não foram capazes de ler e entender enunciados, como aponta o estudo abaixo :


"Nossa análise dos determinantes do decaimento mostra que o mal desempenho do Brasil

se deve especialmente ao fato de que grande parte dos respondentes não conseguirem

chegar ao fim da prova, o que pode estar relacionado à demora para entender o enunciado

da questão e para desenvolver o raciocínio sobre a resposta. Dessa forma, o decaimento

parece estar mais relacionado às habilidades cognitivas. " (SASSAKI et al., 2018)


Em outro trecho, o mesmo estudo sugere:


"(...) o desempenho dos alunos brasileiros não é exclusivamente prejudicado pelo cansaço ou fadiga, mas que há algum aprendizado quanto à natureza da prova e um maior entendimento de como responder (ou não responder) às questões para ser capaz de chegar ao final do exame. " (SASSAKI et al., 2018)


No entanto, como toda pessoa minimamente informada sabe, o problema não é de hoje. A avaliação PISA ocorre no Brasil desde o ano 2000 e, desde então, jamais nos aproximamos dos países mais bem colocados. Quando destacamos este histórico, outra situação se apresenta: os alunos que participaram das primeiras edições, hoje com 34 anos, estão inseridos no atual mercado de trabalho. Em que condições? Quais seriam suas ocupações? Seriam líderes em organizações? Qual a qualidade dessa liderança?


Tanto a OCDE, responsável pelo PISA, quanto o Inaf (Indicador de Alfabetismo Funcional), pesquisa idealizada em parceria entre o Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa e realizado com o apoio do IBOPE Inteligência sugerem o alto índice de analfabetismo funcional nível rudimentar e alfabetismo básico nível elementar da população brasileira.


Em termos práticos, isso quer dizer que uma grande massa da mão-de-obra do país possui dificuldade de ler e entender manuais, apostilas escolares, redigir relatórios, elaborar orçamentos e realizar diversas atividades requeridas em qualquer empresa, de qualquer segmento.


Desta forma, destacamos brevemente dados sobre o segundo tópico EDUCAÇÃO BRASILEIRA e conectamos essas informações com o terceiro e último componente da bomba-relógio da educação corporativa no Brasil.


III. DESEMPREGO NO BRASIL

Conectando os dois artigos anteriores ao terceiro artigo Expectativas dos Pequenos Negócios para 2018, realizada pelo SEBRAE, com 6.000 empresas entrevistadas no final de 2017, podemos constatar um desafio crescente para quem desenvolve programas de formação de funcionários nas empresas. O artigo identificou que 48% das empresas tem dificuldade para contratar mão-de-obra qualificada.


Os três artigos confirmam, apenas, dados divulgados em outros estudos. Uma rápida pesquisa na internet sobre: 1) a qualidade da educação no Brasil, 2) as taxas de desemprego e 3) a desqualificação da mão-de-obra brasileira e fartamente chegarão artigos científicos e de opinião dando notícia do problema pra lá da época do Neutrox e do Aquamarine. Veja mais em: https://tinyurl.com/sybk9tk e https://tinyurl.com/spegfos e https://tinyurl.com/shh7aqd.

As informações trazidas neste artigo tem por objetivo exclusivo: sugerir que as pessoas responsáveis pela gestão de conhecimento nas empresas, considerem o atual contexto de formação do trabalhador brasileiro quando for desenvolver programas de educação corporativa. Isso requer, antes de mais nada, selecionar ferramentas que permitam um impacto maior das ações de formação, ao contrário de colocar a empresa atualizada nos modismos da vez. Nem toda empresa precisa de vídeo, ou plataforma, ou aplicativo gamificado, mas todas precisam de conteúdos relevantes, em formatos aderentes e, ao final, gerando aprendizado aplicável.


O assunto não termina aqui. Acompanhe nossa próxima publicação.


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REFERÊNCIAS


EBOLI, M. P.. Universidade Corporativa: ameaça ou oportunidade para as escolas tradicionais de adminitração? Revista de Administração, v.34, p.56-64, 1999.

INSTITUTO PAULO MONTENEGRO. INAF BRASIL 2018 Resultados Preliminares. Disponível em: https://ipm.org.br/relatorios. Acesso em: 20 dez. 2019.

OCDE. PISA 2018 Results COMBINED EXECUTIVE SUMMARIES VOLUME I, II & III. Disponível em: https://tinyurl.com/wnr95vn. Acesso em: 20 dez. 2019.

SASSAKI, A. H.; PIETRA, G. D.; FILHO N. M.; KOMATSU, B.. INSPER. Por que o Brasil vai Mal no PISA? Uma Análise dos Determinantes do Desempenho no Exame. Disponível em: https://tinyurl.com/u42h5o4. Acesso em: 20 dez. 2019.

SCHLEICHER, A.. OCDE. PISA 2018: Insights and Interpretations. Disponível em: https://tinyurl.com/s9bj5zs. Acesso em: 20 dez. 2019.

SEBRAE. Expectativas dos Pequenos Negócios para 2018. Disponível em: https://tinyurl.com/y5k5gtrv. Acesso em: 20 dez. 2019.

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